Prefeito Municipal de Cerro Largo teve veículo retido em episódio pitoresco, há 57 anos, nas Missões ( original publicado na Gazeta o comunicador integração em 20.12.2024)

Convocado, há 57 anos, para realizar seu Estágio de Serviço no saudoso 3º RC (Regimento “Dragões do Rio Grande”), em São Luiz Gonzaga-RS no início de 1967, determinado Aspirante-a-Oficial Cav (o nome não foi declinado, neste momento, em respeito à sua imagem) recebera sua 1ª missão do então Ten-Cel Qema Cav Alberto Carlos Furtado MAZERON, Comandante à época dessa Unidade Militar, com as seguintes recomendações: Missão Principal – Deslocar, com todo efetivo do seu Pelotão, para as proximidades da Ponte sobre o Rio Ijuí, local que demarcava o limite jurisdicional entre os municípios gaúchos de São Luiz Gonzaga e Cerro Largo. (E lá, se foi o jovem Aspirante destacado com seus soldados recrutas, por uma semana). Missão Específica – Realizar a operação PC Tran – uma espécie de Operação-Presença na Região, previamente, planejada – com o objetivo de impedir, sob pena de retenção de veículos no local, quaisquer condutores que tentem ultrapassar a referida Ponte, sem portar os documentos relacionados, a seguir, tais como: Carteira de Identidade, CNH, Registro e Licenciamento do Veículo e a então TRU- Taxa Rodoviária Única (cujos valores arrecadados seriam destinados à manutenção e conservação das estradas). Dados Importantes – O inexperiente Aspirante, de 23 anos à época, tinha como seu Auxiliar o eficiente e exímio 1º Sgt ZORZO (nome de guerra). Esse Sgt tinha a idade para ser pai do Aspirante, razão pela qual, este, muito educado e cumpridor à risca das tarefas a ele impostas, sempre que se dirigia a esse seu prestimoso Auxiliar, o chamava de “senhor” e, antes de dar-lhe qualquer ordem, usava a expressão “Sgt, o senhor poderia fazer tal coisa?”, pois apesar de sua rígida formação que teve no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPORPA-1963/1965), o Aspirante não conseguia por em prática, o fato de o Regulamento de Continências e Sinais de Respeito permitir chamar aquele seu Auxiliar de “Tu ou Você”, mesmo esse sendo bem mais velho. Situação embaraçosa ocorrida – No primeiro dia da missão - pouco antes da meia-noite da primeira 2ª feira de março/1967 - eis que, de repente, surgiu o primeiro problema a ser enfrentado: w Um de seus soldados, recém-incorporado, havia retido um veículo, pelo fato de o seu condutor não estar portando sua Carteira de Identidade; w Sempre atento a socorrer seus comandados, o Aspirante dirigiu-se até o local, e, após cumprimentar educadamente o cidadão-condutor, com sua habitual continência, tomou ciência da situação; w Em resposta àquele condutor, e como bom executor de ordens que era, o Aspirante lembrou-se das recomendações do Cel Mazeron, de quem havia recebido a referida Missão, ressaltando que: “Em hipótese alguma, nenhum veículo poderá ultrapassar a Ponte sobre o Rio Ijuí, se caso o condutor não estiver portando todos os documentos relacionados na “Ordem das Operações”; w O Aspirante lamentou o fato de a retenção do veículo pelo seu soldado, e tentou explicar ao cidadão-condutor de que ele havia recebido ordem expressa do seu Comandante, caso o condutor não estiver portando....... (Segue a explicação da recomendação recebida); 

Foi quando o cidadão contrapôs-se ao Aspirante, nos seguintes termos: “Mas, Tenente, eu sei que estou errado, eu sei que deveria estar com todos os meus documentos para dirigir, mas acontece que eu esqueci minha identidade em casa, porque saí às pressas, a fim de participar de uma reunião em São Luiz Gonzaga e, neste instante, estou voltando para a minha casa, e eu moro aí do outro lado da Ponte, por favor, deixa eu passar! Enquanto isso, o Sgt Zorzo – já com tempo suficiente, a fim de transferir-se para a Reserva Remunerada -, portador de inúmeras qualidades e, por haver vivenciado diversas situações na caserna, mesmo estando a certa distância, logo percebera que o Aspirante – seu Cmt de Pelotão - estava tendo dificuldades em resolver o problema; e, de imediato, foi em seu socorro. w O Sgt Zorzo, ao aproximar-se do veículo em questão, reconheceu, de imediato, o seu condutor e - respeitador e disciplinado que era -, tomou a posição de “Sentido”, fazendo-se ouvir o tilintar das suas esporas de cavalariano, levando, energicamente, sua mão ao seu próprio capacete (e prestando sua continência) bradou, desta forma: w “Boa Noite, Sr Prefeito! 1º Sgt Zorzo, apresentando-se a V. Sª! À suas ordens!” P A S M E M!!! w Segundo o Aspirante, tratava-se, justamente, da pessoa do Sr. OTTO THEOBALD, Prefeito do município de Cerro Largo, o condutor do veículo retido, naquela sua malfadada missão de março/1967! w A seguir, o Aspirante embasbacado pela delicada situação em que se envolvera, sentiu “seus butiás caírem do bolso” e logo pensou, balbuciando: “Puxa, vida! Vou ser reprovado no meu Estágio!” w O Aspirante, antes de terminar sua missão (“fracassada”, na sua opinião), recebera a visita do Cel Mazeron e seu Estado-Maior para inspecionar sua tropa, cujo local de acantonamento situava-se, justamente, dentro da jurisdição do próprio município de Cerro Largo. w Nesse mesmo dia, o Prefeito OTTO THEOBALD oferecera um churrasco ao Cel Mazeron e seu “staff ”, ao Aspirante e seus Comandados; para a mesa de honra, aquela Autoridade municipal convidara o Cmt do 3º RC a sentar-se a sua direita e o Aspirante a sua esquerda. w Na ocasião, o Cel Mazeron usou da palavra para agradecer ao Prefeito OTTO pela sua magnífica acolhida aos seus comandados nas instalações cedidas à tropa em Cerro Largo, bem como pela aquela honrosa recepção. O Cel Mazeron finalizou sua fala tecendo elogios ao Aspirante, pela sua atitude intransigente nessa sua primeira missão isolada. (Tendo-lhe, mais tarde, consignado elogio em Boletim Especial da Unidade). w O Prefeito OTTO, a seguir, usou da palavra para endossar as palavras desse Comandante e, antes de agradecer às autoridades presentes, enalteceu com veemência a pessoa do Aspirante, ao afirmar que esse era um exemplo de Oficial cumpridor de todos os seus deveres nesta missão que lhe fora dada pelo Cmt do 3° RC e da Guarnição Militar da Região. w Antes de o Prefeito encerrar o ato, o Aspirante investiu-se de coragem e pediu licença para quebrar o protocolo daquela recepção, a fim de também, poder usar da palavra. w Concedida sua fala, o Aspirante, postando-se de pé, e, numa modesta e clara oratória, fez questão de pronunciar os seguintes termos: * “Sempre procurei pautar meus atos, na vida civil e, agora na caserna, com moral e retidão de caráter, qualidades essas que trouxe de berço, através dos ensinamentos oriundos dos meus pais e os obtidos no CPORPA” durante meu período de formaçõo (1963/1965). O Aspirante fez questão, também, de tecer merecidos elogios ao 1º Sgt Zorzo pelo grande Auxiliar que foi no seu trabalho de monitoramento, nesta sua 1ª missão recebida e bem cumprida, segundo a afirmação do próprio Cmt daquele Regimento. w O Aspirante finalizou com as seguintes palavras: * “TRILHA – não é um trilho, mas permite mitigar a conduta do agente, sem descumprir a sua legalidade, e, tampouco desviar-se da finalidade proposta. Aprendi, hoje, que em todos os momentos da nossa vida, devemos nos valer, sempre, do uso do BOM SENSO, a fim de enfrentarmos as suas adversidades. José Otto Theobald foi prefeito de Cerro Largo entre 1964 e 1969.

Foi justamente, durante esta semana que me convenci da sua eficácia, graças a louvável atitude tomada pelo meu Auxiliar, 1º Sgt Zorzo – no caso em questão – a quem muito devo por outros ensinamentos recebidos.” w Anos mais tarde, este mesmo Aspirante, ao retornar ao Sul do país, e, por saudosismo, voltou em visita àquela sua 1ª Unidade Militar, no ano de 2018 - cujo nome fora alterado para 4º Regimento de Cavalaria Blindado (4º RCB) - depois de quase seis décadas, sendo recebido pelo seu então Cmt, o Cel Qema Cav Marcus Vinícius SCUSSIATO Pimentel, visita essa com registro fotográfico no Jornal da cidade de São Luiz Gonzaga. w Hoje, já na inatividade, este Aspirante decidiu transferir sua residência para a cidade de Santo Ângelo, após haver contraído núpcias com sua 2ª esposa, Clara Emília Hochegger – que é natural de Cerro Largo - e, além de ser possuidora do Título de Cidadã Santo-angelense, é também, uma das fundadoras do maior evento dominical permanente da Região – o “Brique da Praça” - ao lado do seu idealizador, o Radialista Dalmir Renato Ledur. w Mais tarde, este mesmo Aspirante foi instado por sua esposa a assumir a titularidade do cargo de Tesoureiro, ora vago, da Associação do Brique da Praça, tarefa essa que desempenhou, durante o período de 2013 a 2021. w Este Aspirante lamenta, apenas, o fato de não ter podido encontrar-se, novamente, com o saudoso Prefeito OTTO THEOBALD, a fim de apresentarlhe, mais uma vez, suas humildes escusas por aquele contratempo que aquela -Autoridade vivenciara há mais de meio século, em razão da sua inexperiência – próprio de jovens Oficiais quando chegam em Corpos de Tropa -, bem como para agradecer pelas suas generosas palavras proferidas a seu respeito, por ocasião daquela inesquecível recepção que oferecera a seu pelotão, naquele distante março de 1967. w O destino, no entanto, foi muito benevolente com aquele jovem Oficial, quando este participou, no dia 3 de novembro do corr ent e, das comemorações do 53º Aniversário do empresário cerro-larguense Paulo Brum, ocasião em que lhe foi apresentado um convidado chamado Mauro Machry. w Paulo é o 3º filho do casal Odil Brum (já falecido) e Ivone Ely Brum, enquanto que Mauro é sobrinho do então Prefeito Municipal. w Mauro, por sua vez, ao ouvir do Aspirante todo o seu relato sobre o episódio com o seu “tio Otto”, de imediato, contatou com sua prima ROSANI MARIA THEOBALD – filha herdeira daquele Prefeito e que, recentemente, chegara da Alemanha, onde já vive a cerca de 34 anos com seu marido, de naturalidade alemã. w Horas mais tarde, acontecia, finalmente, o histórico encontro, na própria casa do saudoso exPrefeito, entre o Aspirante e a srª Rosani, ocasião em que este lhe entregara cópia da mensagem, referente a “Homenagem Póstuma” àquele grande Administrador de Cerro Largo, que foi o sr. OTTO THEOBALD. Aspirante na época, Valdir Rodrigues Gonçalves registra o encontro com a filha do ex-prefeito w Atualmente, este Aspirante - natural de Porto Alegre, e já no limiar dos seus 81 anos de idade, morando em Santo Ângelo - faz questão de externar ao povo cerrolarguense toda sua gratidão e r e spe ito ao s audoso Pr e f e ito OTTO THEOBALD, deixando-lhe registrada esta merecida homenagem póstuma, pelas razões, anteriormente, mencionadas. 

Esta é a história do mais jovem Oficial R/2 gaúcho que participou, como Aspirante, das G r a n d e s M a n o b r a s d o I I I E x é r c i t o na Região de Saicã - Rosário do Sul, em outubro de 1967, quando servia no saudoso 3º RC – Regimento “Dragões do Rio Grande”, em São Luiz Gonzaga-RS, durante o período de 12 DEZ 1966 a 20 ABR 1968. w Este é o Relato de um fato, ocorrido na Região das Missões, há mais de meio século, que a História registrou apenas na sua memória, mas que este Jornal, do município de Cerro Largo decidiu, em sua edição de hoje, tornar público a sua população. Encontro histórico, entre o então Aspirante Valdir Rodrigues Gonçalves e sua esposa, Clara Emília Hochegger, com a sra. Rosani Maria Theobald, filha do ex-prefeito José Otto Theobald O episódio transcrito é de autoria daquele Aspirante identificado, agora, como Valdir Rodrigues Gonçalves. w Um final feliz, portanto, para todos diante de um acontecimento real e pitoresco, ocorrido no começo de março de 1967, nas proximidades de Cerro Largo-RS. w Atualmente, é Cel Veterano da Polícia Militar do Distrito Federal, (Brasília), e, Ex-Tesoureiro do “Brique da Praça”, de Santo Ângelo-RS, tradicional Evento Dominical deste Município - idealizado e criado em 10 NOVEMBRO 1991, pelo Radialista Dalmir Renato Ledur, tendo como principal auxiliar executora, a Profª Clara Emília Hochegger, hoje detentora do Título “Cidadã Santoangelense”, conferido pela Câmara Municipal daquela Cidade.

GAZETA O COMUNICADOR INTEGRAÇÃO / sexta-feira, 20 de dezembro de 2024