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Cenário de guerra: conflito indígena em Nonoai segue sem resolução
Duas lideranças em choque.
Por Administrador
Publicado em 24/03/2025 20:39
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Cenário de guerra: conflito indígena em Nonoai segue sem resolução

 

No último sábado (22), a reportagem policial da Rádio Uirapuru esteve em um cenário de guerra na aldeia indígena de Nonoai.

 

Há dias, a comunidade vive um clima tenso e violento. Diversas casas foram incendiadas, e quatro indígenas foram baleados, estando internados no hospital de Erechim.

 

Os repórteres João Victor Lopes e Sabrine Paludo, com apoio do fotógrafo Thon Severo, entrevistaram com exclusividade os dois líderes do conflito: o atual cacique, José Orestes Nascimento, e o líder do grupo rival, conhecido como “Cacique Paulo”.

 

O Cacique Paulo relatou à reportagem as dificuldades enfrentadas pelo movimento indígena ao longo dos 13 anos de luta. Ele destacou que muitos recursos são destinados às comunidades, mas não chegam de fato aos moradores.

 

Paulo, que é intitulado por uma parte da aldeia como “cacique da sede”, explicou que, ao longo do tempo, os recursos passaram a ser direcionados para beneficiar apenas algumas famílias, deixando o restante da comunidade em situação de necessidade. Diante disso, a comunidade decidiu se mobilizar para exigir mais transparência na gestão dos recursos.

 

Segundo ele, essa mudança foi feita em benefício de toda a comunidade, visando garantir uma distribuição mais justa e melhorar as condições de vida dos moradores.

 

O Cacique Paulo também relatou que muitos moradores estão com medo de voltar para suas casas devido a uma série de ataques que sofreram. Segundo ele, foram três investidas contra a comunidade: a primeira ocorreu na noite de domingo, a segunda na segunda-feira e a terceira na terça-feira. Esses ataques aumentaram a insegurança entre os moradores, reforçando a necessidade de medidas para proteger a comunidade.

 

A Rádio Uirapuru também entrevistou o cacique José Orestes Nascimento, que é líder da aldeia há mais de 40 anos. Segundo ele, não consegue entender o que o grupo rival deseja. “Tivemos uma reunião na Câmara de Vereadores de Nonoai, com pessoal da FUNAI, Polícia Federal, BOPE, tinha mais de 50 pessoas para tentar resolver a situação.”

 

De acordo com o cacique Nascimento, mais de 100 famílias estão espalhadas em outros locais, em colégios da região. Ninguém quer voltar porque a violência tomou conta da aldeia. Ele afirmou que estão tendo que buscar doações de comida em igrejas, instituições e prefeituras. “Mais de 80 famílias abandonaram suas casas, virou um deserto lá dentro. Foram queimadas 25 casas, e outras 80 estão vazias, sem nada do que os proprietários deixaram”, destacou.

 

O Cacique Nascimento afirmou que o conflito iniciou quando um pequeno grupo de cinco a seis famílias começou a se reunir e incitar os outros contra o cacicado. “Nós estamos aqui há 45 anos e nunca deixamos um índio invadir a casa do outro, nem mesmo se estivesse bêbado, quanto mais queimar a casa de um patrício. Agora assumiram há 20 dias e já querem mandar desse jeito? Que autoridade é essa? Isso não é jeito de administrar nada”, finalizou.

 

Segundo informações oficiais, cinco casas foram completamente destruídas pelo fogo. No entanto, os indígenas relatam que 25 residências foram queimadas, além de outras dezenas saqueadas e danificadas.

 

Equipes do 3º BPChoque de Passo Fundo atuam na área desde o início do conflito. Inicialmente, dois pelotões – cerca de 50 homens equipados – foram enviados. No momento, um pelotão mantém vigilância 24 horas na aldeia, realizando policiamento ostensivo e preventivo para garantir a ordem. A Força Nacional também está presente nesse cenário de guerra.

 

Fonte: Rádio Uirapuru

 

 

 

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