Festival nativista do RS desclassifica músicas feitas por inteligência artificial
A Califórnia da Canção Nativa, um dos mais tradicionais festivais de música nativista do Rio Grande do Sul, desclassificou mais de dez composições criadas com ajuda de inteligência artificial (IA) na triagem da última edição. A informação foi confirmada por Maxsoel Bastos Freitas, membro da comissão organizadora.
“Estamos de olho nisso. As obras feitas por IA ficam evidentes por uma série de fatores que a comissão analisa”, explicou Maxsoel, reforçando o compromisso do festival em preservar a essência humana e a autenticidade da música gaúcha.
O caso veio à tona após uma publicação do músico Nilton Ferreira, conhecido compositor e produtor nativista, que relatou ter sido procurado por um autor interessado em inscrever uma canção criada inteiramente por inteligência artificial — letra e melodia.
Segundo Ferreira, o suposto compositor pediu que ele regravasse a faixa, pois o cantor da versão original “não tinha sotaque de gaúcho”. O artista percebeu de imediato que se tratava de uma obra gerada por IA.
“Quando ele colocou a música, eu vi ‘de vereda’ que era inteligência artificial. As métricas apressadas, a voz com sotaque de outra região do país... Eu vi na hora”, contou Nilton.
O músico apresentou um orçamento de R$ 6 mil para refazer toda a produção, com instrumentos, voz, mixagem e masterização, explicando que seria necessário reconstruir a obra com coerência musical. O cliente desistiu diante do custo.
Para Nilton Ferreira, usar IA em um festival criado para revelar talentos humanos é desrespeitoso:
> “Produzir música artificial para concorrer num ambiente que foi idealizado como laboratório de novos talentos é demais, né, tchê? Esse espaço é pra quem busca seu lugar com dedicação, pensando cada melodia e cada palavra.”
Realizada em Uruguaiana, na Fronteira Oeste, a Califórnia da Canção Nativa é referência do nativismo gaúcho, berço de clássicos como “Esquilador” e “Veterano”, que marcaram a história da música regional e ajudaram a consolidar a identidade cultural do estado.
Fonte: G1 RS — reportagem de Giovani Grizotti
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