Milhares protestam em Buenos Aires contra reforma trabalhista de Javier Milei
Milhares de argentinos se manifestaram nesta quinta-feira (18) nas ruas de Buenos Aires, na primeira grande mobilização contra as propostas de reforma trabalhista defendidas pelo presidente ultraliberal Javier Milei desde sua recente vitória nas eleições de meio de mandato.
Os manifestantes se reuniram à tarde na Plaza de Mayo, onde fica a Casa Rosada, sob forte presença policial. O protesto paralisou o centro da capital argentina por várias horas e ocorreu de forma pacífica até o fim da tarde.
A mobilização foi organizada principalmente pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), a maior central sindical do país, de orientação peronista (centro-esquerda). Outros sindicatos, partidos de oposição, movimentos sociais e grupos de esquerda também aderiram ao ato.
Paralisações aconteceram em paralelo, especialmente no setor público e no controle do tráfego aéreo. Durante o protesto, o co-líder da CGT, Jorge Sola, afirmou que a manifestação representa “o primeiro passo de um programa de luta”, alertando para a possibilidade de uma greve geral caso o governo não recue.
Na quarta-feira anterior, o Parlamento argentino iniciou, na comissão do Senado, a análise do projeto de reforma trabalhista apresentado pelo governo Milei. A proposta, chamada de “modernização do trabalho”, inclui a possibilidade de ampliação da jornada de trabalho de 8 para até 12 horas mediante acordo, redução da indenização por demissão e ampliação da definição de serviços considerados essenciais durante greves.
O ministro do Trabalho, Julio Cordero, defendeu a reforma ao afirmar que a legislação atual estaria “paralisando as contratações” e que as novas normas ajudariam a estimular o emprego formal, reduzindo a informalidade, que supera 40% do mercado de trabalho argentino.
Já os sindicatos classificam a proposta como “regressiva” e afirmam que ela cria empregos precários e enfraquece direitos trabalhistas. Para o senador peronista e advogado trabalhista Mariano Recalde, a reforma favorece exclusivamente os empregadores e rompe o equilíbrio nas relações de trabalho.
Parlamento mais favorável
Presidente desde dezembro de 2023, Javier Milei inicia a segunda metade de seu mandato com um Parlamento mais alinhado após vencer as eleições de meio de mandato com cerca de 40% dos votos. Ainda assim, sem maioria absoluta nas duas casas legislativas, o governo dependerá de acordos pontuais para aprovar os pontos mais polêmicos das reformas.
O Executivo reduziu o recesso parlamentar e convocou sessões extraordinárias durante todo o mês de dezembro para acelerar a tramitação dos projetos. A votação da reforma trabalhista, inicialmente prevista para antes do fim de 2025, foi remarcada para 10 de fevereiro de 2026, a fim de permitir a análise de sugestões apresentadas à comissão do Senado. Após isso, o projeto seguirá para a Câmara dos Deputados.
Fonte: RFI / AFP
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