Episódio 02 - Conhecendo a organização da Companhia de Jesus
UNIVERSIDADE FEDERAL DA
GRANDE DOURADOS
Faculdade Intercultural Indígena
Projeto Campeando as Origens –
Série Missões Jesuítico-Guaranis
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Telefone (67) 99644-5908 ; E-mail: antonioramos@ufgd.edu.br
Canal no Youtube: https://www.youtube.com/@CampeandoasOrigens
EPISÓDIO 2 – Conhecendo a organização da Companhia de Jesus
Antonio Dari Ramos
Para compreendermos a ação dos jesuítas nas reduções de indígenas é
preciso que conheçamos a estrutura e o funcionamento, enfim, a
organização da Companhia de Jesus. Vamos falar sobre esse assunto?
Com certeza! A Companhia de Jesus, como vimos noutro episódio, foi criada em
1534, por um grupo liderado pelo basco Iñigo de Loyola e por mais seis
estudantes da Universidade de Paris (Pedro Fabro, Francisco Xavier, Diogo
Laínez, Afonso Salmerón, Simão Rodrigues e Nicolau Bobadilla). A Ordem foi
reconhecida em 1540 pelo papa Paulo III. Porém, ela passou por um processo
de ampliação, desenvolvimento gradual e aperfeiçoamento jurídico e estrutural
para que desse conta de considerar as diversas realidades mundiais nas quais
os jesuítas foram se envolvendo com o passar do tempo. Esse amadurecimento
resultou na forma definitiva das Constituições que viriam à luz após a Primeira
Congregação Geral reunida em 1558. Inácio de Loyola trabalhou por anos na
sua elaboração, mas ela só foi publicada depois de sua morte. Ele faleceu em
1556, quando a Ordem contava com quase mil membros. Nas Constituições está
definida a estrutura da Companhia de Jesus, além das regras que cada membro
deveria seguir. São membros da Ordem os professos, os escolásticos e os
coadjutores espirituais e temporais.
Como acontecia o ingresso de novos membros na Companhia de Jesus?
Pelas Constituições, o ingresso na Companhia de Jesus só aconteceria após o
Exame a que o candidato era submetido. Nele era aferido se o possível noviço
tinha algum problema físico ou moral, se era filho de matrimônio legítimo, como
havia sido sua infância, qual era a condição de sua família, sua saúde,
disposição de ânimo, a educação moral e intelectual recebida. Outras perguntas
íntimas também eram direcionadas ao candidato. Se aceito na Ordem, depois
de renunciar aos seus bens e heranças, os quais podiam posteriormente ser
passados para o nome da Companhia, o candidato ingressava no noviciado, o
qual era realizado no período em torno de dois anos, incluindo-se nele um tempo
de provação. A provação consistia em um mês de Exercícios Espirituais, um
retiro espiritual criado por Santo Inácio, na realização de serviço aos enfermos
nos hospitais, no peregrinar, vivendo de esmolas, na prática de ofícios humildes
dentro da casa, no ensino da doutrina cristã e no exercício da predicação.
Passado por esse momento, os membros eram aceitos nos colégios, onde
avançariam nos estudos, recebendo ao final o grau de coadjutores espirituais ou
temporais.
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Quais eram as outras etapas de formação pelas quais os jesuítas
passavam?
O primeiro grau existente na Ordem era o de noviços, chamados de escolares,
candidatos que iniciavam nos estudos de gramática latina. Ao final dessa etapa,
faziam os votos de pobreza e de castidade. Após professá-los, eles entravam na
fase do juniorato, na qual se dedicavam por anos aos estudos clássicos de Artes
e Teologia. Após essa etapa, podiam ser ordenados sacerdotes. Ao final da
formação, passavam pela terceira provação, sendo obrigados a cumprir os
outros dois votos, convertendo-se em professos, podendo, assim, assumir todas
as responsabilidades da Ordem.
Aqueles que não professavam o quatro voto, o de obediência ao papa, eram
denominados de coadjutores espirituais, ocupando-se de cargos de menor
importância no interior da Companhia de Jesus. Na prática somente uma parte
dos jesuítas pretendia ou conseguia chegar ao sacerdócio. Muitos deles até
tinham intenção de serem ordenados, mas a insuficiência intelectual ou algum
problema de ordem moral fazia com que fossem despedidos no meio do percurso
ou que não conseguissem avançar para além do grau de coadjutores.
Os irmãos chamados de coadjutores temporais desempenhavam as mais
diversas funções no cotidiano da Ordem, podendo ser boticários, arquitetos,
instrutores de guerra, marceneiros, ferreiros, administradores de fazendas...
E como funciona a estrutura de poder dentro da Ordem Jesuítica?
Como dissemos no episódio anterior, há no topo do poder da Companhia o padre
Superior Geral, também chamado de Prepósito Geral. Ele é eleito por uma
congregação geral, o órgão supremo em termos decisórios, composto por
representantes de todo o mundo, e seu cargo é vitalício. O primeiro Prepósito
Geral foi Inácio de Loyola.
A Companhia de Jesus é dividida em Províncias, as quais são coordenadas pelo
padre provincial ou prepósito provincial, eleito pelas congregações provinciais.
As províncias possuíam procuradores, os quais as representavam em matéria
administrativa e econômica.
No nível local, as casas jesuíticas também possuíam o seu superior. No caso
das reduções, havia, além dos superiores locais em cada povoado, igualmente
um superior das missões, além de um procurador das missões.
Os missionários trocavam muitas correspondências. Essas cartas
desempenharam importante papel ao informar sobre os acontecimentos em
diversas partes do mundo, auxiliando os superiores na tomada de decisão
considerando o todo da Ordem e não somente a realidade local.
Não é possível dizer que o exercício do poder dentro da Companhia de Jesus
fosse somente vertical, pois, assim como o Prepósito Geral, também o P rovincial
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